28/03/08

Devaneios (2)

Às vezes penso se o que eu quero da vida, se o que tenho, se o que faço e se o que espero é, de algum modo, parecido com aquilo que sonho.

Às vezes penso se o que sonho pode ser algo mais do que isso mesmo: sonho imaginação. Não podem os sonhos transformar-se em objectivos? Não podem os sonhos deixar de ser os SE's imaginários para passarem a ser os SE's praticáveis?



26/03/08

... (4)

A ternura é como um postal ilustrado que se recebe
e nos traz à memória lembranças de pessoas que,
apesar de distantes, nunca são esquecidas.



22/03/08

Desabafo (3)

Preciso de tempo só para mim.

Preciso estar só, de modo a poder reorganizar os meus sentimentos. Preciso de tempo, para perceber o quanto cresci. PReciso de tempo, para compreender o que mudou em mim. Preciso de tempo, para quando chegar o momento de dizer adeus, a tudo o que vivio nos últimos anos (porque sei que este momento está mais perto do que nunca), o faça sem quaisquer dúvidas, para além das que surgirão por um novo caminho se encontrar à minha frente.

Quero sair o menos magoada possível e quero que o mesmo aconteça à outra parte. Pela amizade, pela cumplicidade, pelo carinho e respeito que sempre houve entre nós e, até mesmo, pela paixão e pelo amor que nos uniu.

Sei que vai custar. Vai custar muito, porque vai ser necessário um corte radical entre os dois. MAs creio que, com o tempo, tudo o que de bom nos uniu e nos levou a querer uma vida a dois, possa ser suficiente para mantermos uma relação de amizade.

O tempo que preciso, curto ou longo (ainda não sei), vai servir para me reencontrar comigo mesma. Vai servir para conhecer a nova pessoa que sou. Vai servir para me habituar a ela e para a aceitar, com as suas qualidades e defeitos. Esta descoberta, quero fazê-la sozinha, com o apoio da família e dos amigos, mas de acordo com a minha vontade e disponibilidade.

E quando me sentir bem e reconhecer o reflexo que o espelho me mostra todos os dias como sendo eu, talvez possa estar preparada para reencontrar outro alguém que se sinta tão bem ao meu lado, como eu me sentirei bem comigo.

Nem todos compreenderão esta minha vontade, mas vão ter que a aceitar. Vou-me tornar um pouco mais egoísta. Vou pensar mais em mim e no meu bem-estar e esquecer por uns tempos (que espero não muito longos), que os outros também têm sentimentos, sonhos e expectativas que querem realizar.

Talvez me torne mais calculista. Talvez pense mais nos proveitos que terei, mas preciso de tempo, para alargar os meus horizontes, para senitr que sou livre o suficiente, para quando achar que devo dizer não, o fazer sem arrependimentos e sem pesos de consciencia.

Quero muito mais do que aquilo que tenho, ou alguma vez tive. Quero conforto, segurança e carinho, mas também quero desejar um homem e ser desejada como mulher.

Isso será possível? Preciso acreditar que sim, pois de outro modo, não conseguirei seguir em frente, nem deligar-me do passado. Sem nunca esquecer o que trouxe de novo à minha vida e o quanto me ajudou a crescer e a perceber que, nem sempre aquilo que sonhamos e queremos num determinado momento da nossa vida, será aquilo que quermos para o resto da mesma.

Assim como tudo à nossa volta muda, também nós mudamos. E ao aceitarmos as nossas mudanças crescemos um pouco mais, tornamo-nos mais pragmáticos e menos vulneráveis às transformações que nos rodeiam.


21/03/08

Desabafo (2)

Consegui durante algum tempo controlar a minha vontade de me perder nos teus braços. Consegui, durante um longo período, controlar a minha vontade de reencontrar o prazer de te ter e sentir dentro de mim.

Insisti, nos últimos meses, ouvir a tua voz. Insisti, em momentos de descontrolo e tristeza, trocar mensagens de conteúdo altamente provocatório. Insisti em tudo isso, porque persistia a saudade e achava que era o suficiente para demonstrar que a mágoa e o rancor do passado já não faziam parte do presente. Tudo isso me agradava, porque a saudade atenuava.

Tanto fugi de tudo isso, que o tudo se tornou pouco, a cada novo dia. Ouvir a tua voz já não era o bastante, as nossas mensagens, já eram muito pouco para matar as saudades de te ver e muito menos para matar a vontade de te ter.

Fugi, tentando resistir e tentando-me controlar, que fui apanhada.

Fugi tanto, a todas as tuas tentativas e a todas as minhas promessas de não nos voltarmos a ver, que isso acabou mesmo por acontecer.

E ao nos encontrarmos, voltámo-nos a perder nos braços um do outro. Voltei a pedir o teu corpo e a entregar-te o meu. Foi tudo tão natural que senti que estávamos 100% ligados um ao outro.

Senti que não houve só desejo e tesão. Entregámo-nos mutuamente, fazendo surgir a saudade, o respeiro, o carinho e uma forma diferente de mostrarmos o prazer e a vontade do momento.

Será que alguma coisa mudou entre nós? Ou por já nos conhecermos simplesmente démos aquilo que sabiamos ser o que o outro queria? Não sei. Mas gostei de sentir como verdadeiro, cada beijo saído dos nosso lábios, cada toque das nossas mãos nos nossos corpos, cada abraço e demonstração de carinho por nós trocados.

Voltámos a viver algo que não deviamos, dissémo-nos isso e sabemo-lo. Conversámos, discutimos, lutámos, mas não resistimos.

Não resistimos ao tempo que passou sem nos vermos. Não resistimos aos estímulos que deixámos soltar. Não resistimos ao cheiro e ao calor que os nossos corpos libertam quando estamos lado a lado. Não resistimos ao juramento que fizémos um ao outro de não nos voltarmos a encontrar.

E no final depois de resolvidos os conflitos e de saciados os desejos, seguimos cada um o seu caminho. O meu nada penoso, como sempre achei que voltaria a ser, porque ganhei uma batalha de um conflito que, durante quase dois anos, andou presente no meu pensamento.

Sei que cresci. Tu também me pareceste um pouco mais maduro. Não sei se a imagem que guardei de ti tem algo a ver com aquilo que eras na época, mas quem me surgiu neste encontro louco pareceu-me ser um homem ciente do que quer.

Nada mais queremos um do outro. Nas nossas vidas não há espaço para algo mais do que o que tivémos, pois há outras pessoas que delas fazem parte. Não as queremos perder, nem magoar. Agimos mal por isso. Mas a excitação, o prazer, a satisfação e a realização de ter sido algo do mais belo que vivi e senti, não deixa espaço para sentir nenhum arrependimento.

Julgo que daqui a uns anos quando olhar para trás e reviver o meu passado, esta será uma das melhores recordações da minha vida. Deste-me prazer como nunca senti ser possível receber e eu espero ter estado à tua altura.


15/03/08

Desabafo (1)

Ando perdida...

Perdida nos meus pensamentos. Perdida no meu trabalho. Perdida na minha relação. Perdida na possibilidade de me voltar a perder no corpo de outro homem, que já não devia fazer parte do meu presente. E o meu maior receio é não conseguir voltar a me encontrar.

Quero voltar a controlar a minha vida. Quero, mas não consigo. Apetece-me fugir. Para longe, para muito longe. Talvez para uma ilha distante, ainda não conhecida. Uma ilha perdida, onde só se aviste o verde cristalino do mar. Mas sempre que tenho esta visão, surge-me no pensamento o olhar penetrante e sensual desse alguém que nunca deveria ter deixado entrar na minha vida.

Pensava que tudo isso já era passado. Que tudo isso já estava arrumado na gaveta da memória das grandes e inesquecíveis recordações. Enganei-me. Como me enganei!

Só foi preciso uma simples insinuação para fazer surgir todo o desejo que julgava já não existir. Vulnerável e perdida, resolvi ouvir a voz dele. E que voz, meu Deus!

Todos os pequenos e insignificantes flashes dos tórridos momentos que passámos ganharam outra dimensão no meu pensamento. Uma dimensão gigantesca e poderosa. E agora, só quero, julgo eu, voltar a viver outra aventura assim.

Gostava que fosse com quem vivo. Com o homem com quem partilho as minhas dúvidas, o homem que encontro todos os dias quando chego a casa e ao lado de quem me sinto segura. Gostava que todo este meu desejo, que todas as loucas e perversas fantasias, que fazem fervilhar o meu sangue e que me demonstram que ainda estou viva, fossem partilhadas e desejadas por ele. Só que, de momento, sei que não é com ele que as vou conseguir viver. E também sei que não é com ele que me quero perder na loucura do meu prazer.

E isso atormentamente. Tira-me o sono. Não deixa a minha cabeça parar de pensar: devo continuar como estou? Devo continuar a viver infeliz e agarrada a um homem que, a cada dia que passa, me parece ser, cada vez mais, um velho amigo ou, indo um pouco mais além na minha mente, um perfeito desconhecido? Ou devo largar tudo e começar a viver de uma forma que me deixe mais livre e feliz?

A nossa relação parece estar perdida, tanto ou mais perdida do que eu.

Por saber que não quero o que tenho e por ignorar aquilo que quero, quero voltar ao passado. Quero ser desejada, quero ser seduzida, quer ser tocada e quero ser sentida como mulher. Quero satisfazer o meu desejo e quero saciar a minha ânsia de prazer com aquele que despertou em mim todo o querer e todo o sentir, há muito adormecidos.

Quero voltar a desejar e ser desejada dessa maneira, como se não existisse passado, nem futuro. Quero viver somente o momento presente, quero congelá-lo, quando os nossos corpos se reencontrarem, quando os nossos olhos se cruzarem e permanecerem inquietamente vidrados um no outro, desejando ardentemente libertar toda a nossa necessidade de prazer.

Quero sentir o tempo parar infinitamente, quando saborear cada centímetro do corpo dele e quando ele esgotar a fome do meu.

Quero ver o olhar dele perdido no meu e rever-me perdida no dele, quando juntos atingirmos o máximo do prazer.

Quero voltar a repetir, a repetir, a repetir, como se fosse o ecoar infinito do prazer da primeira vez. Quero isso (embora não deva), porque o meu pensamento diz que só assim me poderei voltar a encontrar. Mas também, quero isso, porque continuo a ouvir a palavras sussurradas ao meu ouvido, que num tom quente, suave e sensual me fazem perder e me obrigam a dizer que estou perdida: "ou me perco contigo, ou estendo-te a mão e ajudo-te a encontrar o caminho de volta..."

Só que uma dúvida persiste. Este caminho será de volta para o controlo da minha vida, ou será de volta para a loucura do desejo que nos marcou e ainda hoje nos marca, de cada vez que as nossas vidas se cruzam?

Não sei dizer. Não quero saber. Só sei que continuo terrivelmente perdida. E de momento prefiro isso à necessidade, urgente, silenciada, mas cada vez mais ensurdecedora, de ter de tomar uma decisão que vai mudar o rumo da minha vida.



14/03/08

... (3)

Medo... de te perder.
Receio... de te encontrar.
Raiva... de te querer.
Desejo... de te odiar.
Ânsea... de te fugir.
Pena... de te deixar.
Vontade... de te pedir.
Revolta... de te aceitar.
Amor?!
Já não o sinto!
Amor!
Amor!
Como te minto.


(Marta Albuquerque)


10/03/08

O Amor Em Visita

O amor é o princípio e o fim de tudo. Por ele procuramos, nele nos achamos e muitas vezes nos perdemos, mas continuamos sempre em sua busca. Não interessa onde o encontramos e como o sentimos, apenas precisamos de dar e receber amor.

Desde o primeiro momento de vida o amor acompanha-nos, faz parte de nós. Por amor sofremos, com amor nos realizamos e de amor vivemos e morremos.

O seu chegar provoca transformações radiosas. Tudo à nossa volta parece ganhar vida, cor, luz, sabor e interesse. Torna-nos mais atentos ao que se passa em nosso redor e surpreende-nos. O nosso corpo transforma-se, as mãos transpiram de ansiedade, os olhos brilham, o coração palpita e a nossa respiração torna-se ofegante de prazer por ver, sentir e tocar o amor. Como que renascemos, parecemos crianças perante o seu brinquedo de sonho.

Por amor também sofremos, choramos e entristecemos por não o ver chegar, por o deixar passar, por não o conseguir sentir e tocar e por não ser correspondido. Sentimo-nos fragilisados, sós e até perdidos na imensidão do mundo, não encontrando sentido para a vida e para continuar a viver.

Sem amor sentimo-nos incompletos, como se tivesse sido roubado um pedaço de nós, e é isso que tememos.


03/03/08

Sombras

Procuro por ti em cada esquina que surge, por entre a sombra e a luz que cada novo passo que dou transforma.

Sinto-te presente em cada momento em que me sinto só. A tua ausência ocupa a minha solidão, fá-la parecer vazia de sentido. O que sinto não é falta de mim e muito menos falta de ti. O que sinto é, sim, falta de quem eu penso ser quando estás comigo.

Deixei de existir sem ti, deixei de sentir. Não sou boa companhia para ninguém. Não me sinto perdida, porque só sou eu quando estou contigo.

Não vivo nem sobrevivo, apenas deixo-me estar como sombra que aguarda o movimento do seu dono para ganhar vida. Só não me confundo com um reflexo de espelho, porque sei que este não tem vida. Já que não respira.