22/03/08

Desabafo (3)

Preciso de tempo só para mim.

Preciso estar só, de modo a poder reorganizar os meus sentimentos. Preciso de tempo, para perceber o quanto cresci. PReciso de tempo, para compreender o que mudou em mim. Preciso de tempo, para quando chegar o momento de dizer adeus, a tudo o que vivio nos últimos anos (porque sei que este momento está mais perto do que nunca), o faça sem quaisquer dúvidas, para além das que surgirão por um novo caminho se encontrar à minha frente.

Quero sair o menos magoada possível e quero que o mesmo aconteça à outra parte. Pela amizade, pela cumplicidade, pelo carinho e respeito que sempre houve entre nós e, até mesmo, pela paixão e pelo amor que nos uniu.

Sei que vai custar. Vai custar muito, porque vai ser necessário um corte radical entre os dois. MAs creio que, com o tempo, tudo o que de bom nos uniu e nos levou a querer uma vida a dois, possa ser suficiente para mantermos uma relação de amizade.

O tempo que preciso, curto ou longo (ainda não sei), vai servir para me reencontrar comigo mesma. Vai servir para conhecer a nova pessoa que sou. Vai servir para me habituar a ela e para a aceitar, com as suas qualidades e defeitos. Esta descoberta, quero fazê-la sozinha, com o apoio da família e dos amigos, mas de acordo com a minha vontade e disponibilidade.

E quando me sentir bem e reconhecer o reflexo que o espelho me mostra todos os dias como sendo eu, talvez possa estar preparada para reencontrar outro alguém que se sinta tão bem ao meu lado, como eu me sentirei bem comigo.

Nem todos compreenderão esta minha vontade, mas vão ter que a aceitar. Vou-me tornar um pouco mais egoísta. Vou pensar mais em mim e no meu bem-estar e esquecer por uns tempos (que espero não muito longos), que os outros também têm sentimentos, sonhos e expectativas que querem realizar.

Talvez me torne mais calculista. Talvez pense mais nos proveitos que terei, mas preciso de tempo, para alargar os meus horizontes, para senitr que sou livre o suficiente, para quando achar que devo dizer não, o fazer sem arrependimentos e sem pesos de consciencia.

Quero muito mais do que aquilo que tenho, ou alguma vez tive. Quero conforto, segurança e carinho, mas também quero desejar um homem e ser desejada como mulher.

Isso será possível? Preciso acreditar que sim, pois de outro modo, não conseguirei seguir em frente, nem deligar-me do passado. Sem nunca esquecer o que trouxe de novo à minha vida e o quanto me ajudou a crescer e a perceber que, nem sempre aquilo que sonhamos e queremos num determinado momento da nossa vida, será aquilo que quermos para o resto da mesma.

Assim como tudo à nossa volta muda, também nós mudamos. E ao aceitarmos as nossas mudanças crescemos um pouco mais, tornamo-nos mais pragmáticos e menos vulneráveis às transformações que nos rodeiam.


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