07/08/08

Do Sentir (Após o Sofrimento)

Muitas vezes fico triste com as minhas reacções, muitas vezes fico triste com a minha falta de sentimento e muitas vezes fico triste por não querer fazer nada contra isso.

Às vezes tenho vontade de gritar ao mundo, bem alto, que a culpa de tudo isso não é minha, é da pessoa que pela primeira vez amei e que tanto me fez sofrer.

Às vezes tenho vontande de me esconder de tanta vergonha por ter amado quem não me amou e ter sofrido por isso.

Outras tantas vezes tenho pena de não te ter conhecido antes de tudo isso, pois sei que antes tinha muito mais para te dar do que aquilo que agora consigo. Sofro com medo de te fazer sofrer e choro com medo de te ver chorar.

Às vezes acho que não mereço um pessoa assim, que não mereço tanto amor assim. Quero tê-lo e senti-lo mas não sei como retribuir em igual dose. Preciso de ser amada, preciso de me sentir amada e sinto-o. Mas não sei o que fazer com tanto amor, não sei como me dar ao teu amor, não sei como voltar a sentir assim tanto amor.

Porquê que a vida nos mostra o amor impossível e nos faz sofrer tanto?

Porquê que a vida não nos mostra simplesmente o amor? O sentimento belo e forte que ele é. Que nos alimenta a cada instante de convívio e nos consome a cada instante de distância.

Porquê que a vida nos apresenta novas possibilidades de amor, se não nos deixa esquecer a dor do amor impossível, se nos obriga a criar barreiras para evitar uma nova dor?

Porquê que a vida não nos deixa viver cada novo amor como o primeiro amor? Sem medo de nos darmos, sem medo de sofrermos, sem resistências nem abalos.

Era só isso que eu queria para conseguir viver uma grande história de amor e poder dar sem medo todo o meu sentimento.



06/08/08

Preciso e Quero. Será Que Consigo?

Estou a precisar de me tornar independente, estou a precisar de crescer e procurar o equilíbrio físico e emocional que está perdido há mais de 1 ano.

Não quero com isto dizer que estou perdida e que não sei com o que contar, mas acho que está a faltar qualquer coisa no meu interior que me complete.

Mudei muito no último ano e muito depressa e, não sei porquê, não gosto muito da pessoa em que me estou a transformar. Aliás, acho que ainda não me habituei a ela. Tem pouco a ver com a pessoa que eu era.

Numa palavra cresci. Cresci para a vida, cresci para o amor e cresci para a dor. E foi o amor e a dor que o próprio amor me causou que me fez crescer, que transformou a menina alegre e despreocupada, que eu encontrava todas as manhãs no espelho, na mulher um pouco amargurada e ponderada, que agora teima aparecer todas as manhãs diante do mesmo espelho. Cada dia reparo que a mulher está cada vez mais a apagar a imagem da menina que eu era.

Dizem-me que isto é viver, que isto é crescer, mas eu não quero que as coisas sejam assim. Quero ter mais responsabilidades só que não quero perder a minha ingenuidade. Quero crescer, mas não quero perder a alegria de criança. Quero tudo isso, mas cada dia que passa torna-se mais e mais difícil manter-me intacta e pura às adversidades da vida.

Sinto-me envelhecer e eu não quero. 'NÃO QUERO, NÃO QUERO, NÃO QUERO'. Grito em pensamento, recordando-me que há uns anos havia lugar para birra, cruzar de braços e amuo por largas horas após gritar a plenos pulmões a mesma frase. Mas não quero envelhecer porque tenho medo de morrer. Tenho medo de morrer e de não ter conseguido fazer algo de notável que faça com que os outros não mais se lembrem de mim quando desaparecer desta vida.

Quero viver eternamente. Não na eternidade da minha vida e do meu tempo, mas na eternidade da humanidade. Quero este impossível como quase tudo o que sempre quis na vida: sonhei o impossível, amei o impossível, mas não consigo viver o impossível.

Há qualquer coisa em mim que é mais forte e não me deixa seguir livremente o curso da minha vida. Quero que ela se torne verde, mas não consigo sair do azul. Também não me esforço para mudar, parece que espero que as coisas mudem e aconteçam sozinhas.

Esqueço-me que só é assim quando queremos muito e fazemos muito para que as coisas aconteçam, não sozinhas, mas naturalmente. Temos de ser nós a fazer com que as coisas aconteçam naturalmente. Temos de criar as condições, temos de lhes indicar o caminho, criando a estrutura para que se possam desenvolver de acordo com aquilo que mais queremos.

Passo a vida a dizer isso, mas quando chega o momento de agir, de estruturar as coisas, todos os meus planos vão pelo ar. Desaparecem como um nuvem desaparece depois de chover. Mas em vez de tornar o ar mais limpo torna-o mais torpe, mais sufocante.

Sufocada é como eu me sinto quando não consigo reagir de acordo com o que penso e quero.


01/08/08

Da Escrita

Há muito tempo que não escrevo. Será que perdi a inspiração para a escrita?

Tenho muito sobre o que escrever, tenho muitos sentimentos a fervilharem dentro de mim, mas não consigo escrever sobre eles. Não consigo passar para o papel tudo aquilo que estou a sentir. Será que é por serem sentimentos muito contraditórios?

Será que é por ainda não ter conseguido distingui-los uns dos outros?

Não sei, não consigo ainda perceber o porquê desta minha dificuldade extrema para escrever. Parece que surgiu uma nuvem sobre a minha mente que bloqueou toda a energia que me leva a escrever.

Tenho tido uns dias calmos no trabalho, sem nada ou quase nada para fazer. De momento estou lá sozinha, ou seja, tenho o ambiente ideal para desenvolver os meus pensamentos e a minha escrita. Mas sempre que pego no papel e na caneta não acontece nada. Escrevo coisas sem sentido, sem qualquer interesse, começo a divagar sobre tudo e mais alguma coisa e este tudo resume-se a nada. A nada de interessante. Logo que escrevo dois ou três parágrafos e volto a lê-los perco de imediato a vontade de continuar a escrever. Não gosto do que leio, não gosto do que escrevo e isto está a levar-me a dar em doida.

Como é possível de um momento para o outro, sem qualquer explicação lógica e plausível eu ter deixado de conseguir escrever?

Penso nisso muito e muitas vezes ao dia e não consigo arranjar nenhuma resposta. Parece que estou a oprimir os meus pensamentos, as minhas ideias e os meus sentimentos. Acho que todos eles se encontram bloqueados. Sinto-me estranha, sinto-me triste quando estou alegre e sinto-me alegre quando estou triste. é tudo muito confuso. Não me consigo compreender e isto ainda torna as coisas mais dolorosas.

Também não tenho conseguido abstrair-me das coisas e das pessoas em meu redor e o pior é que nem umas e nem outras são assim tantas que possam fazer com que eu ande constantemente desconcentrada e distraída.

Está a faltar-me qualquer coisa. Não estou a conseguir encontrar o elo que está danificado, para ver se tem conserto ou se está definitivamente quebrado.

Sinto que estou a precisar de mudar alguma coisa na minha vida. Tenho de a tornar mais activa para eu mesma me sentir assim.

Não sei se é da época do ano, pois não me lembro se em outros anos também me senti assim. Mas acho que não. Acho que está mesmo a chegar o momento de dar um volta de 180 graus. De seguir novos rumos, encontrar novos destinos e viver novos sentimentos. Falta um pouco de intensidade, falta um pouco de surpresa e falta um pouco de motivação.

Preciso de novidades. Acho que o que me faz mais falta é sentir-me viva.

Estou confusa em relação aos meus sentimentos. Não sei se quero continuar assim como estou ou se tudo o que eu quero é estar sozinha. Sem responsabilidades e sem satisfações a dar a ninguém. Estou a precisar de um tempo só para mim. Estou a precisar de um espaço só meu.

Tenho muitas decisões a tomar e preciso de coragem para as resolver.