23/09/08

Li Num Livro... E Gostei (2)

"Provavelmente há palavras melhores para definir a nossa relação mas, uma vez que não é obrigatório defini-la melhor, contento-me com estas e com pensar em nós dois por aquilo que realmente somos, muito antes e para além de qualquer definição: duas partes de um todo.

É precisamente este sentido de pertença comum, sem haver sequer a necessidade de especificar a coisa, que de vez em quando escorre pelas brechas do mundo e nos recorda que somos irmãos, que sempre o fomos e que o sermos irmãos é um estado mental poderosíssimo."


(Sandro Veronesi, Caos Calmo)

14/09/08

Devaneios (4)

Apetece-me gritar, apetece-me fugir, apetece-me ter alguém que possa simplesmente abraçar e que retribua o meu abraço sem qualquer tipo de perguntas. Quero ficar assim, até não ter mais forças nos braços e cair para o lado de cansaço.

Quero adormecer sem nada me pesar na consciência. Quero arriscar fazer isso, mas o medo (mais uma vez o estúpido do medo) não me deixa agir. Não quero dar parte de fraca, mas é isso mesmo que estou a ser e sou porque não faço o que quero.

Não estou em condições de estar sozinha, preciso da atenção dos amigos para conseguir dispersar esta nuvem negra que insiste em permanecer sobre a minha cabeça. Estou cada vez mais isolada e cada vez mais carente, mas também não consigo deixar ninguém aproximar-se o suficiente de mim para combater a minha solidão.

Estou sem paciência para mim. De momento não me consigo identificar com a imagem que o espelho reflecte e quando faço uma viagem ao interior do que vejo tudo ainda se complica mais. Quero ver mudanças na minha vida. Quero ter a minha cabeça um bocadinho mais ordenada e descansada para o meu corpo também ter o mesmo.

De quando em vez dou-me conta de que estou a representar para os outros, para lhes transmitir uma imagem de bem-estar geral, e quando isso acontece parece que a minha mente se liberta do meu corpo e põe-se a assistir a todo este degradante espectáculo da primeira fila da plateia.

Esta sensação é estranha. Sinto perfeitamente que estou a construir mentiras atrás de mentiras para mostrar alguém que não sou.

Chego ao fim do dia exausta e a noite não é nada reconfortante, porque só serve para me auto-reprimir por estar a agir mal perante os outros e, pior ainda, perante mim.



06/09/08

Devaneios (3)

Os dias passam.

A tormenta vai dando lugar à calma.

Procuro aquilo que fui, e só encontro aquilo que sou. Prevejo aquilo que vou ser, mas cada vez mais me apercebo que tudo não é mais do que um exercío teimoso da, ou mesmo para a imaginação.

Sorrio... Porque o tempo passa e aquilo que ontem fui e aquilo que hoje sou, pouco ou nada, tem a ver com aquilo que sonhei vir a ser.

Hoje, sinto o peso que o passado tem naquilo que sou, mas compreendo que não é dramático e muito menos catrastófico. Se não fosse aquilo que sou hoje o que seria? Não sei. Afirmo, negativamente, sem medo. Pois sei que o passado não volta e o futuro é algo de, ou é de todo, incerto.

Os dias passam, transformam-me e eu reinvento-me, aproveitando aquilo que fui e aquilo que sou para construir os marcos daquilo que, talvez, serei...

E, uma vez mais, sorrio...