28/02/08

Devaneios

Penso no que quero da vida, no que tenho feito para o conseguir atingir e pergunto-me: Porque não o consegues fazer?

A esta pergunta surge sempre a mesma expressão: Medo.

Medo de falhar, medo de errar, medo de não fazer a escolha acertada, medo de perder o controlo, medo de me descontrolar, medo de tudo e medo de nada. Medo, medo e mais medo...

BOLAS!! Porque é que me deixo derrotar assim, sem conseguir, ou até mesmo sem querer, fazer as coisas?

Perdi a capacidade de acreditar em mim. Perdi a capacidade de acreditar em algo. Perdi a capacidade de conquistar. Desliguei-me dos meus objectivos, tornando-me, por isso, na minha pior inimiga. Nada me faz querer agir.

Pergunto-me constantemente porque procuro aquilo que não sou, porque procuro ter aquilo que não tenho e pouca ou nenhuma falta me faz.

Quero muito mas este muito torna-se pouco quando a meio da acção me ponho a pensar porquê e para quê?

A vida como a conhecemos é curta, não permite parar o tempo (este carrasco que nos persegue sem parar). E eu parei num tempo que já não existe. Parei de querer percorrer um caminho porque a iminência de um fim, que é certo, mas incerto na sua chegada, retirou todo o significado que punha na procura daquilo que sou.

Nada me incomoda, desliguei o interruptor do sentir e não mais voltei a encontrá-lo. Apenas o medo (que me paralisa)passou a existir. E este medo comanda a minha vida e transforma-me em espectadora em vez de intérprete. Tudo passa, tudo muda. Eu continuo a querer estar parada num tempo que já lá vai há muito.

Procuro fugir da rotina e da responsabilidade que ela acarreta por ão querer ser mais um neste mundo macroscópico, mas que é visto e filtrado numa dimensão micro.


27/02/08

Desalento

Sinto uma dor profunda no peito sempre que penso em ti. E o pior é que sei que é uma dor que só será apagada com o tempo.

Apetece-me chorar, apetece-me gritar, apetece-me descarregar todo o meu desespero.

Apetece-me desaparecer deta realidade em que vivo e que me abala, me entristece e me mata cada dia mais um pouco.

A vida não podia ser mais simples?


21/02/08

Carta de Desabafo (2)

É quase domingo, as horas que são, ao certo não sei. Tenho uma relógio mesmo em frente aos olhos, mas não quero ver. Os sinos da igreja insistem em tocar, mas não quero ouvir. Sei que é a hora, a hora certa para dizer o que sinto, pois chegou o momento de seguir em frente.

Há oito meses, começou uma etapa da minha vida que não queria ver terminar. Não sabia o que ía ser e só queria viver o momento, sem pensar no antes e no depois.

Tudo aconteceu muito depressa - o princípio, o meio e o fim - como num conto de fadas.

Não sabia o que se passava entre nós. Gostava de estar contigo, de sentir o que sentia contigo, mesmo sem perceber o que era. Estava feliz e isso bastava-me. Dava-me confiança para seguir em frente.

Nunca me tinha exposto tanto a alguém sem razão aparente. Não sabia o que sentia por ti e esta foi a razão para continuar a teu lado, mesmo quando soube o que sentias por mim - não era amor.

Acho que o medo do desconhecido e do arrependimento de não fazer as coisas é que me levaram a seguir em frente. Apostei na nossa relação, porque sentia que controlava a situação. Mas a vida tem destas coisas...

Sem sequer bater à porta ou ter convite para entrar, fui surpreendida pelo amor e quando dei conta desorientei-me. Não te consegui dizer o que sentia, mesmo quando me perguntavas, e não estava preparada para que fosse assim - um sentimento tão invasivo que nos domina totalmente.

Não sei se acreditas no que sinto porque nunca te disse. Quer dizer... Nunca usei palavras, mas os meus actos sempre denunciavam o que nós os dois, no início, e, mais tarde, só tu, teimámos em não acreditar.

Contigo aconteceu o que achava ser impossível: perder o controlo dos meus sentimentos. Fui invadida por um sentimento forte. Nunca pensei que pudesse sentir um amor tão forte por alguém.

Tu e eu somos dois seres completamente opostos, mas o que eu encontrei em ti e o que tu trouxeste para a minha vida possibilitou-me um ponto de equilíbrio emocional que eu achava não existir. Deste um pouco de desordem à minha vida, apresentaste-me um mundo novo, onde sentimentos e emoções oposto convivem lado a lado e até se sobrepõem, e ensinaste-me uma nova forma de estar na vida.

Aprendi a amar-te com todos os teus defeitos e feitios, o que nem sempre foi um mar de roas. Aprendi a conhecer-te através das tuas atitudes. Aprendi o teu código e consegui decifrar a tua linguagem. Isso foi algo que me deu muito prazer. Não imaginava que houvesse e que eu conseguisse descobrir uma pessoa tão diferente de mim e com a qual encaixava tão bem.

Infelizmente o meu sentimento não foi correspondido. Durante algum tempo tentei combater isso, até criei um mundo de fantasia onde tudo corria sempre bem, numa tentativa de manter a nossa relação. Tentei arrastá-la até ao limite.

A única coisa 100% verdadeira que construímos foi uma forte relação de amizade. E quando terminámos senti um medo tremendo de a perder. Foi muito difícil para mim pensar que ia perder tudo isso.

Sentia-te a fugir e cada vez mais distante de mim e sabia qual era o destino desta nossa viagem: o fim. Apesar disso, não tive tempo para me preparar, acho que até não queria. Foi tudo tão rápido que quando me dei conta do que se estava a passar, já tinha passado. Foi triste, foi como se o chão me tivesse sido tirado debaixo dos pés sem qualquer aviso. Senti-me perdida e vazia, não consegui reconhecer a pessoa que eu era e isso foi o que mais me custou. Uma parte de mim perdeu-se e pensei não conseguir viver assim nem mais um dia.

Entretanto, um dia passou, depois outro e mais outro, e já consegui organizar os meus sentimentos o suficiente para poder seguir em frente e iniciar uma nova etapa, dizendo-te (porque tenho que te dizer) ADEUS!

Fui até ao fim? Não sei. O tempo o dirá. Só sei que já é domingo, sinto-me um pouco mais feliz e já é outro dia...


19/02/08

... (2)

I love the way you love me,
but I hate the way I'm supposed to love you back


15/02/08

...



Existem muitas pessoas que gostam de mim,
mas o mérito maior é daquelas que me fazem gostar delas



14/02/08

Noite

É madrugada de sábado para domingo. A porta que se abre, trazendo as luzes e as sonoridades da noite, faz surgir uma imensidão de corpos bem trabalhados, semidesnudados e banhados em óleo e transpiração. Sim, são os empregados que se apresentam assim (eles de tronco nu, elas de biquini). E não, não se trata de um club de strip. A decoração remete-nos para um ambiente de praia, apesar do Verão ainda estar longe. E é assim todo o ano.

O calor faz-se sentir, a música e o alcool fazem a temperatura subir. O ambiente é caliente, assim como os ritmos latinos, brasileiros e africanos que invadem o ar.

As mentes libertam-se, os corpos prendem-se aos compassos, as sensações despertam.
Está bonito está. O ambiente perfeito para dar o corpo ao manifesto...


Carta de Desabafo

Na solidão do lar tudo parece triste e insignificante. No silêncio da noite não encontro o sentido da vida. Na imensidão do pensamento tudo de encontra confuso e nublado.

Não sei o que a vida significa para mim, o que sinto quando estou sozinha e muito menos quando estou contigo. Por isso, vivo cada momento não pensando muito no que virá a seguir. Com isso não consigo viver despreocupada. Pelo contrário, vivo na ânsia de saber o que irá surgir, o que irei sentir e como irei reagir. Fico triste e, ao mesmo tempo, alegre e pasmada, pois vão surgindo sempre surpresas que vão acentuando ou aliviando a minha tensão. São as contradições da vida a cada momento.

Sinto falta de alguém com quem possa conversar quando chego a casa. Alguém a quem possa contar as minhas aventuras e desventuras. Quando te conheci pensei que pudesses ser esta pessoa. Mas com o passar do tempo, parece que se acentua cada vez mais uma barreira de silêncio entre nós. Temos cada vez menos coisas de que falar, menos coisas para partilhar e o silêncio entre nós é cada vez mais gritante e ensurdecedor.

Vemo-nos uma vez por semana e já parece mais que o bastante. Já não me telefonas para saber como estou e eu não sinto falta disso.

Às vezes fico triste e pergunto-me porque estou a arrastar a nossa relação assim por tanto tempo. A nossa relação não se parece com nada. Parecemos duas pessoas estranhas que se encontram todos os dias, durante anos, no mesmo autocarro sem nunca trocarem uma palavra entre si. Olham-se e olham-se, mas nunca comunicam, pois os seus olhos nada transmitem. Não têm qualquer relação.

Sinto que conseguimos mais quando nos tratamos como amigos do que como amantes. Falta a chama da paixão e eu também já não sinto o desejo carnal que sentia no início. Gosto que me toques, que me estimules, mas quando chega a hora da verdade tudo desaparece, como se fosse um indício de que qualquer coisa vai mal ou que tu não és o tal. Mas também penso que não existe o 'tal'.

Quero mais de uma relação do que aquilo que me estás a dar. Quero cumplicidade e amizade, não apenas sexo. Quero poder chegar ao pé de ti e conversar abertamente sobre tudo, sobre a nossa relação e os nossos sentimentos. Quero sentir feed-back e interesse da tua parte. Mas penso que talvez também precise de transmitir tudo isso que exijo de ti, só que primeiro tenho de me sentir confiante e desinibida.

Entre nós começa a surgir esta necessidade muda de conversar seriamente sobre o que será a nossa relação daqui para a frente. E acho que sei qual será o primeiro passo, pelo menos da minha parte, para a nossa relação assumir outro rumo. A partir desse momento, ou a nossa relação termina ou se torna sólida, sem segredos e mentiras. Só deste modo nos tornaremos mais honestos com nós mesmos e um com o outro e mais livres para apreciarmos melhor a vida.

Escrevo-te como nunca antes escrevi a ninguém. Escrevo-te não porque me pedes, mas sim porque quero e não encontro outra forma de libertar os meus sentimentos. Por isso, não espero resposta. Apenas quero que penses no que acabaste de ler.

Um abraço


12/02/08

O Banal Quotidiano E O Seu Reverso

Mais um dia passou. Igual para muitos, mas diferente para mim. Banal para muitos, mas especial para mim. Um dia triste, marcado pela perda de um ente querido, muito querido, que eu nunca pensei ver morrer pelo que era e pelo que significava para mim.

A morte, uma realidade incontestável a que ninguém escapa, uma banalidade da vida, prende muitas vezes o nosso pensamento e leva-nos a reflectir sobre o que se passa connosco e à nossa volta.

Ontem, vendo tantos rostos tristes, muitos conhecidos e outros tantos estranhos, encontrei um olhar já muito marcado pelo tempo e, nesse instante, perdi-me em pensamentos distantes. Senti uma necessidade estranha, quase absoluta, de me centrar em mim e reflectir sobre a vida.

Senti vontade de fazer mil coisas, de me sentir útil, de marcar a diferença. Mas por outro lado, senti-me impelida a nada fazer, pois senti que não vale a pena, uma vez que tudo desaparece.

Senti-me confusa e revolta e invadida por um enorme vazio. Um vazio angustiante que me torna impotente, incapaz de qualquer reacção.

Fiquei triste por pensar que daqui a alguns anos não existirá mais nenhuma marca da minha existência, de quem fui e do que fiz. E também por ver como a vida é curta, curta demais, para tudo o que gostaria de fazer, sentir e viver.

Mas quando voltei à realidade, à tal nua e crua realidade, voltei a encontrar aquele olhar que, apesar de muito marcado pelo tempo, não perdeu o brilho que lhe dá vida. E fiquei feliz por experimentar e viver neste tempo que vivo, que é único, infinito e eterno para mim e para todos aqueles que comigo o partilham.

Senti-me aliviada e mais calma e os meus olhos sorriram ao lembrar da lição de vida do meu pai: passamos muito mais tempo mortos do que vivos, por isso temos de aproveitar todos os momentos que a vida nos dá, não esquecendo que o sofrimento e a morte, tal como a felicidade e a realização pessoal, fazem parte da vida. E concluo que quanto mais penso sobre a vida e a sua razão de ser mais me interrogo: porque penso e para que penso?


Ciúme

Não consigo compreender, nem espero que ninguém, senão tu, compreenda o que sinto. Só quero sentir e mostrar o que sinto. Sem pensar nos outros, sem sentir os outros. Sem pensar em ti.

Apenas eu importo, eu e o meu sentimento por ti. Não quero que haja mais nada, nem ninguém entre nós. Só te quero para mim.


10/02/08

O Sonho

Perdido no tempo, já não ligava ao passado, não vivia o presente e não se preocupava com o futuro.

André vivia sozinho, desligado do mundo e perdido da vida.

Vida, ao vê-lo assim abandonado, não pôde deixar de reparar no seu olhar tristonho, como se lhe tivesse falhado um sonho. Um sonho de uma vida, que se desvaneceu com a esperança de uma concretização falhada.

O amor tinha passado a seu lado, mas André não o viu chegar e quando deu conta do que aconteceu já era demasiado tarde para conseguir agarrar esse amor e mantê-lo perto de si.

Daí em diante, os seus olhos tornaram-se tudo aquilo que são hoje: tristes, sem qualquer brilho e alegria de viver.

Vida, sem perceber o que se passava com André, seu grande amigo de infância, não conseguia vê-lo ter pena de si mesmo e a deixar escapar oportunidades únicas de realizar outros sonhos que sempre teve. Por tudo isso, sempre que se encontravam, tentava saber o que tinha deixado André tão amargurado, mas ele nada dizia. Chegaram mesmo a cortar relações.

Quando Vida já tinha dado tudo por perdido, André convidou-a para jantar. Vida aceitou o convite e foi ter com ele.

Quando chegou, voltou a ver André no mesmo estado e com o mesmo olhar e durante o jantar deixou que fosse ele a conduzir a conversa. Depois de muito ouvir falar sobre banalidades, aproveitou a deixa do 'tempo' para dizer a André que já era tempo de ele contar o que tanto o estava a afectar. André desviou o olhar e não disse uma palavra.

Vida levantou-se e encaminhou-se para a porta. Quando estava prestes a sair, André, num turbilhão, contou-lhe tudo sobre o amor do seu sonho que se tornou realidade, mas que lhe passou ao lado.

Encostada à porta, Vida disse que o compreendia, ela própria já tinha passado pelo mesmo quando descobriu que o amor que sentia por André não poderia passar de um sonho falhado e, olhando-o nos olhos, disse que era chegado o momento de partir em busca da realização de outro sonho, pois ninguém deve ficar preso a um sonho que não se realizou e a um amor que passou.

Ouvindo tais palavras, os seus olhos voltaram a sorrir, como se a luz da esperança o tivesse atingido, dando-lhe força para recomeçar a sonhar.

Vida ficou feliz e André, com um terno e caloroso olhar, agradeceu.

Vida agradeceu também aquele olhar com um meigo abraço e, nesse instante de harmonia, ambos compreenderam que, apesar de tudo parecer insignificante quando um sonho se perde, o amor e o carinho de um olhar amigo é reconfortante, pois consegue indicar o caminho para outro sonho que se ergue.


Surpresa!!!!

A surpresa sou eu.

Eu que espero, eu que quero, eu que sinto e que por isso vivo.
Procuro algo que não sou, algo que fui ou que quero ser.

Ter, sentir, tocar. Uma surpresa a cada instante. Algo único. Um pedaço de vida e um pedaço de imaginação. Num espaço de encontro e desencontro com o que sou, com o que vivo ou gostava de viver, com o que sonho, com o que vejo e invento.
Um desespero. Uma palavra. Uma estória vivida de uma vida talvez vazia.
Um exercício de escrita. Algo mais do que aquilo que sou, alguma vez serei e sempre um pouco de mim.

Espero. Alcanço. Vivo, porque penso. Porque penso sinto e porque sinto vivo.
Confuso? Não tanto como o que vivo.
Respiro. Baralho e volto a dar. O que tenho, o que sou. Tudo será real como este espaço.

Sou o que aqui escrevo? Talvez sim, talvez não.

E isso interessa? Não. É evasão. Evasão do real, evasão da imaginação. Outro ser que sou, que ninguém conhece ou, se pensa conhecer, não sabe quem é. Encobrir quem sou é o que menos me preocupa. Descobrir quem sou pode ser um desafio diário no qual eu não participo. Quem quiser saber quem está por trás da escrita deparar-se-á com a infinita surpresa. A surpresa que cada nova descoberta revela. Um gosto. Um desgosto. Uma perda. Um ganho. Uma aventura. Uma desventura. Uma busca eterna, sem fim. Porque quem sou hoje, amanhã já não sou.

Um enigma? Não, nada disso.
Uma surpresa que cada um vê como quer.