31/01/09

Estranhos

Conhecemo-nos de um modo pouco usual. Tudo o que aconteceu foi pouco 'ortodoxo'. Entrámos num jogo de palavras que, sem nada dizerem, tudo diziam. As reticências eram mais que muitas, assim como as interpretações tiradas. Alimentámos esta partida durante algum tempo e com bastante entusiasmo.

Acabámos por nos encontrar naquele que poderia ter sido o nosso primeiro desencontro. Não foi, por pouco. E valeu a pena.

A pessoa que se apresentou a mim era em quase tudo diferente da pesssoa que o nosso jogo de palavras me tinha apresentado. Fiquei fascinada com este choque de personalidades e, como amante de jogos psicológicos, quis descobrir qual era a dominante.

A minha avidez pela descoberta, levou-me a forçar um segundo encontro. Impus-me na tua vida como nunca havido feito antes. Este nosso novo encontro foi estranho.

Deixei de lado grande parte da subtileza que, até aqui, tinha regrado os nossos jogos. Confesso que até ao último instante, não sabia se apenas te queria aliciar a vir ao meu encontro ou se queria mesmo ir até ao fim.

Não sei o que se passou comigo, mas o medo levou-me a agir e ao agir voltei a sentir-me viva. O sangue fervilhava em cada centímetro do meu corpo. Com o despertar do desejo e a chegada do prazer a respiração alterava-se e o ritmo cardiaco acelerava.

Gostei... E detestei.

Detestei pela estranheza do meu comportamento e pela impulsividade e insensatez dos meus actos. Fiquei incomodada, mas com o passar do tempo classifiquei a minha atitude como uma afirmação de mudança.

Não estar ciente e crente na mudança fez-me entrar neste jogo contigo.

Não confiar no vingar da mudança levou-me a alimentar esta nossa forma de estar (nada de procurar um envolvimento sério, só encontros sexuais furtuitos).

Aceitar a mudança fez-me ver que estas já não eram as regras que eu queria seguir. Tu nada quiseste mudar. Não havendo como impor novas regras, o nosso jogo foi interrompido.

No final, pouco, ou mesmo nada, descobri sobre ti. Mas isso já não tinha qualquer importância para mim.

Desapareceste da minha vida, sem rasto.