21/03/08

Desabafo (2)

Consegui durante algum tempo controlar a minha vontade de me perder nos teus braços. Consegui, durante um longo período, controlar a minha vontade de reencontrar o prazer de te ter e sentir dentro de mim.

Insisti, nos últimos meses, ouvir a tua voz. Insisti, em momentos de descontrolo e tristeza, trocar mensagens de conteúdo altamente provocatório. Insisti em tudo isso, porque persistia a saudade e achava que era o suficiente para demonstrar que a mágoa e o rancor do passado já não faziam parte do presente. Tudo isso me agradava, porque a saudade atenuava.

Tanto fugi de tudo isso, que o tudo se tornou pouco, a cada novo dia. Ouvir a tua voz já não era o bastante, as nossas mensagens, já eram muito pouco para matar as saudades de te ver e muito menos para matar a vontade de te ter.

Fugi, tentando resistir e tentando-me controlar, que fui apanhada.

Fugi tanto, a todas as tuas tentativas e a todas as minhas promessas de não nos voltarmos a ver, que isso acabou mesmo por acontecer.

E ao nos encontrarmos, voltámo-nos a perder nos braços um do outro. Voltei a pedir o teu corpo e a entregar-te o meu. Foi tudo tão natural que senti que estávamos 100% ligados um ao outro.

Senti que não houve só desejo e tesão. Entregámo-nos mutuamente, fazendo surgir a saudade, o respeiro, o carinho e uma forma diferente de mostrarmos o prazer e a vontade do momento.

Será que alguma coisa mudou entre nós? Ou por já nos conhecermos simplesmente démos aquilo que sabiamos ser o que o outro queria? Não sei. Mas gostei de sentir como verdadeiro, cada beijo saído dos nosso lábios, cada toque das nossas mãos nos nossos corpos, cada abraço e demonstração de carinho por nós trocados.

Voltámos a viver algo que não deviamos, dissémo-nos isso e sabemo-lo. Conversámos, discutimos, lutámos, mas não resistimos.

Não resistimos ao tempo que passou sem nos vermos. Não resistimos aos estímulos que deixámos soltar. Não resistimos ao cheiro e ao calor que os nossos corpos libertam quando estamos lado a lado. Não resistimos ao juramento que fizémos um ao outro de não nos voltarmos a encontrar.

E no final depois de resolvidos os conflitos e de saciados os desejos, seguimos cada um o seu caminho. O meu nada penoso, como sempre achei que voltaria a ser, porque ganhei uma batalha de um conflito que, durante quase dois anos, andou presente no meu pensamento.

Sei que cresci. Tu também me pareceste um pouco mais maduro. Não sei se a imagem que guardei de ti tem algo a ver com aquilo que eras na época, mas quem me surgiu neste encontro louco pareceu-me ser um homem ciente do que quer.

Nada mais queremos um do outro. Nas nossas vidas não há espaço para algo mais do que o que tivémos, pois há outras pessoas que delas fazem parte. Não as queremos perder, nem magoar. Agimos mal por isso. Mas a excitação, o prazer, a satisfação e a realização de ter sido algo do mais belo que vivi e senti, não deixa espaço para sentir nenhum arrependimento.

Julgo que daqui a uns anos quando olhar para trás e reviver o meu passado, esta será uma das melhores recordações da minha vida. Deste-me prazer como nunca senti ser possível receber e eu espero ter estado à tua altura.


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