21/10/08

Devaneios (6)

Às vezes pergunto-me porque perdemos hábitos saudáveis. Hábitos que nos libertam e nos fazem desligar do que nos rodeia. Hábitos que nos fazem conhecer melhor a nós mesmos. Pequenos hábitos, pequenos gestos. Algo que achamos que nos acompanhará para toda a vida.

Não percebo porque deixei para trás tantos pequenos hábitos. Larguei a escrita, larguei as longas caminhadas pela cidade, largeuei as tardes na esplanada acompanhada por um bom livro e uma boa música, larguei as idas compulsivas ao cinema para ver o filme que stá prestes a começar, larguei a dança.

O único hábito que mantive, foi a forma sitemática de largar: o constante adiar, sempre para mais logo ou para amanhã, os velhos hábitos que criei. Enredo-me em todos estes conceitos abstractos, pois sei que têm a capacidade de nunca vir.

O meu quarto é o reflexo exacto do meu adiar, é o reflexo exacto do estado actual em que me encontro: desordem, indecisão.

Uma vez mais ando perdida no rumo a dar à minha vida. Uma vez mais, sinto a rotina a querer abalar-me. Ando preocupada com tantas coisas que não consigo definir que rumo tomar. Noite após noite sinto que me roubam um pouco do meu sono. Vão gastando as minhas energias e degastando a minha autonomia.

Estou a chegar àquela fase que de tanto pensar e de tanto me ouvir, acabo por não ter tempo para agir. Não estou no meu timing, não encontro o meu timing, não consigo defini-lo e muito menos reconhecê-lo.

Preciso de um novo equilíbrio, preciso de me reencontrar com o meu caminho.


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