São cinco da manhã, a quietude que me rodeia contrasta com o turbilhão ensurdecedor das preocupações que me ocupam a cabeça e me pesam os pensamentos. Quero descansar. Preciso disso, para me sentir calma e tranquila, mas não consigo.
Os lençóis já me pesam, o calor do meu corpo nu sobre a cama é mais intenso e insuportável do que o silêncio da casa, do que o silêncio do prédio e do que o próprio silêncio da rua, que ainda dormem, esperando o raiar do novo dia. Não consigo encontrar uma posição confortável para estar. Já dei voltas e mais voltas pela cama, mas nada me conforta.
O tecto branco, que no escuro da noite, me parece sempre carregado de sombras e fantasmas, deixa-me ainda mais intranquila. Faz com que as sombras que encobrem a minha vida e os fantasmas do meu passado, persistam em invadir a minha mente.
Já me tapei e destapei mil vezes, os lençóis estão tão engelhados no meu corpo que o sinto presa. O calor parece continuar a aumentar, ou a preocupação e a minha inquietação fazem com que eu sinta isso.
As horas avançam muito lentamente. A noite parece não querer passar. O meu sono vem e vai, incansável. Tanto como os pensamentos e os medos que não deixam a minha cabeça sossegar e o meu corpo repousar.
O Verão está quente, ainda só se vislumbram umas nesgas de claridade que anunciam o chegar da manhã, mas parece que estamos em pleno calor do meio-dia.
São 7 horas, quando, finalmente, é quebrado o silêncio da casa. No quarto ao lado do meu, o António vai, cautelosamente, quebrando esta imposição nocturna.
O seu despertador toca e ele tenta sempre desligá-lo ao primeiro toque, fazendo o possível para não incomodar o meu sono. Quase sempre é em vão, não por descuido dele, mas sim por as minhas noites virem quase sempre acompanhadas pela insónia.
Fico feliz quando, do meu quarto, oiço o silêncio da casa partir com o despertar do António. O suave abrir e fechar da porta do quarto, a passada arrastada dos chinelos pelo chão, em tacos de madeira envernizada, quando se encaminha para a casa-de-banho, o respingar da água do chuveiro, durante o seu duche rápido. Estes são alguns dos seus pequenos hábitos diários que assinalam o começo de um novo dia.
A noite já passou, transmitem as ondas do meu cérebro aos meus fantasmas e sombras que, depois de receberem esta informação, desaparecem como se nunca tivessem estado comigo. É mais um dos momentos que me dá prazer.
O António prossegue a sua rotina diária. Agora oiço, ao longe, na cozinha o tilintar da chávena de café no pires, o despertar do motor do frigorífico, quando o abre, para tirar o leite que junta ao café quente. Sinto o aroma inconfundível do pão acabado de torrar e do café acabado de tirar.
Por breves minutos, volta a reinar o silêncio, que é novamente quebrado quando o António regressa ao quarto, volta a abrir e fechar a porta e começa a vestir-se para ir trabalhar. Um novo aroma invade a casa. O seu perfume.
Volta a abrir e fechar a porta do quarto e caminha para a sala, agora numa toada mais rápida e barulhenta, causada pela sola de couro dos sapatos que usa.Lá, remexe nos móveis à procura da carteira, das chaves de casa e do carro e dos documentos. Embora os coloque todos os dias no mesmo local, vagueia por alguns instantes por esta divisão da casa. não sei o que motiva este seu comportamento. Eu equiparo-o a um buscar de energias que lhe preparam, física e psicologicamente, para enfrentar mais um dia de trabalho.
O derradeiro ruído que faz é a sair de casa. Destranca a porta da rua, abre-a, sai e fecha-a. O silêncio volta à casa, em pouco mais de uma hora. Depois das 8h15, já não há vestígios do António em casa.
Eu continuo na cama a tentar ganhar coragem para me levantar.
Os lençóis já me pesam, o calor do meu corpo nu sobre a cama é mais intenso e insuportável do que o silêncio da casa, do que o silêncio do prédio e do que o próprio silêncio da rua, que ainda dormem, esperando o raiar do novo dia. Não consigo encontrar uma posição confortável para estar. Já dei voltas e mais voltas pela cama, mas nada me conforta.
O tecto branco, que no escuro da noite, me parece sempre carregado de sombras e fantasmas, deixa-me ainda mais intranquila. Faz com que as sombras que encobrem a minha vida e os fantasmas do meu passado, persistam em invadir a minha mente.
Já me tapei e destapei mil vezes, os lençóis estão tão engelhados no meu corpo que o sinto presa. O calor parece continuar a aumentar, ou a preocupação e a minha inquietação fazem com que eu sinta isso.
As horas avançam muito lentamente. A noite parece não querer passar. O meu sono vem e vai, incansável. Tanto como os pensamentos e os medos que não deixam a minha cabeça sossegar e o meu corpo repousar.
O Verão está quente, ainda só se vislumbram umas nesgas de claridade que anunciam o chegar da manhã, mas parece que estamos em pleno calor do meio-dia.
São 7 horas, quando, finalmente, é quebrado o silêncio da casa. No quarto ao lado do meu, o António vai, cautelosamente, quebrando esta imposição nocturna.
O seu despertador toca e ele tenta sempre desligá-lo ao primeiro toque, fazendo o possível para não incomodar o meu sono. Quase sempre é em vão, não por descuido dele, mas sim por as minhas noites virem quase sempre acompanhadas pela insónia.
Fico feliz quando, do meu quarto, oiço o silêncio da casa partir com o despertar do António. O suave abrir e fechar da porta do quarto, a passada arrastada dos chinelos pelo chão, em tacos de madeira envernizada, quando se encaminha para a casa-de-banho, o respingar da água do chuveiro, durante o seu duche rápido. Estes são alguns dos seus pequenos hábitos diários que assinalam o começo de um novo dia.
A noite já passou, transmitem as ondas do meu cérebro aos meus fantasmas e sombras que, depois de receberem esta informação, desaparecem como se nunca tivessem estado comigo. É mais um dos momentos que me dá prazer.
O António prossegue a sua rotina diária. Agora oiço, ao longe, na cozinha o tilintar da chávena de café no pires, o despertar do motor do frigorífico, quando o abre, para tirar o leite que junta ao café quente. Sinto o aroma inconfundível do pão acabado de torrar e do café acabado de tirar.
Por breves minutos, volta a reinar o silêncio, que é novamente quebrado quando o António regressa ao quarto, volta a abrir e fechar a porta e começa a vestir-se para ir trabalhar. Um novo aroma invade a casa. O seu perfume.
Volta a abrir e fechar a porta do quarto e caminha para a sala, agora numa toada mais rápida e barulhenta, causada pela sola de couro dos sapatos que usa.Lá, remexe nos móveis à procura da carteira, das chaves de casa e do carro e dos documentos. Embora os coloque todos os dias no mesmo local, vagueia por alguns instantes por esta divisão da casa. não sei o que motiva este seu comportamento. Eu equiparo-o a um buscar de energias que lhe preparam, física e psicologicamente, para enfrentar mais um dia de trabalho.
O derradeiro ruído que faz é a sair de casa. Destranca a porta da rua, abre-a, sai e fecha-a. O silêncio volta à casa, em pouco mais de uma hora. Depois das 8h15, já não há vestígios do António em casa.
Eu continuo na cama a tentar ganhar coragem para me levantar.
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