12/02/08

O Banal Quotidiano E O Seu Reverso

Mais um dia passou. Igual para muitos, mas diferente para mim. Banal para muitos, mas especial para mim. Um dia triste, marcado pela perda de um ente querido, muito querido, que eu nunca pensei ver morrer pelo que era e pelo que significava para mim.

A morte, uma realidade incontestável a que ninguém escapa, uma banalidade da vida, prende muitas vezes o nosso pensamento e leva-nos a reflectir sobre o que se passa connosco e à nossa volta.

Ontem, vendo tantos rostos tristes, muitos conhecidos e outros tantos estranhos, encontrei um olhar já muito marcado pelo tempo e, nesse instante, perdi-me em pensamentos distantes. Senti uma necessidade estranha, quase absoluta, de me centrar em mim e reflectir sobre a vida.

Senti vontade de fazer mil coisas, de me sentir útil, de marcar a diferença. Mas por outro lado, senti-me impelida a nada fazer, pois senti que não vale a pena, uma vez que tudo desaparece.

Senti-me confusa e revolta e invadida por um enorme vazio. Um vazio angustiante que me torna impotente, incapaz de qualquer reacção.

Fiquei triste por pensar que daqui a alguns anos não existirá mais nenhuma marca da minha existência, de quem fui e do que fiz. E também por ver como a vida é curta, curta demais, para tudo o que gostaria de fazer, sentir e viver.

Mas quando voltei à realidade, à tal nua e crua realidade, voltei a encontrar aquele olhar que, apesar de muito marcado pelo tempo, não perdeu o brilho que lhe dá vida. E fiquei feliz por experimentar e viver neste tempo que vivo, que é único, infinito e eterno para mim e para todos aqueles que comigo o partilham.

Senti-me aliviada e mais calma e os meus olhos sorriram ao lembrar da lição de vida do meu pai: passamos muito mais tempo mortos do que vivos, por isso temos de aproveitar todos os momentos que a vida nos dá, não esquecendo que o sofrimento e a morte, tal como a felicidade e a realização pessoal, fazem parte da vida. E concluo que quanto mais penso sobre a vida e a sua razão de ser mais me interrogo: porque penso e para que penso?


1 comentário:

Mariza (P.Gira) disse...

´Porque penso e para que penso?'
Ah pá esquece lá isso, porque daqui a pouco cheira a queimado (brincadeirinha).

Foi um momento difícil este, não foi. ainda sinto como se fosse hoje. Felizmente o tempo vai-nos ajudando a atenuar a saudade. Mas as lembranças mais marcantes ficam.

Bjkas